Mitigação de riscos e auditoria: pilares da continuidade operacional no licenciamento de hidrovias

A agenda de infraestrutura no Brasil ganha novo capítulo com a inclusão da Hidrovia do Rio Madeira, Hidrovia do Rio Tocantins e Hidrovia do Rio Tapajós no Programa Nacional de Desestatização (PND). O projeto busca ampliar a eficiência logística, reduzir custos de transporte e aumentar a competitividade regional. Contudo, a experiência evidencia que o sucesso de empreendimentos desse porte não depende apenas da transferência de ativos à iniciativa privada, mas da forma como riscos ambientais, legais e operacionais são geridos.

A auditoria ambiental surge como ferramenta essencial nesse processo. Ela permite identificar passivos ambientais antes da concessão, monitorar o cumprimento de condicionantes de licenciamento e avaliar impactos cumulativos em ecossistemas frágeis. Em contextos de desestatização, auditorias periódicas garantem que a operação privada mantenha padrões elevados de conformidade, reduzindo riscos reputacionais e assegurando a continuidade operacional.

Para a desestatização ocorrer com responsabilidade, é indispensável que os contratos de concessão incluam cláusulas ambientais bem amarradas, planos de contingência para incidentes e mecanismos de fiscalização participativa dos órgãos reguladores e da sociedade civil. Além disso, práticas de gestão de riscos devem integrar monitoramento em tempo real, resposta rápida a incidentes e capacitação contínua de equipes.

A convergência entre auditoria ambiental e desestatização bem estruturada tem potencial para transformar as hidrovias brasileiras em vetores de desenvolvimento sustentável, alinhando eficiência logística com responsabilidade socioambiental. Mais do que uma exigência, a mitigação de riscos se consolida como estratégia de competitividade e garantia da continuidade operacional.